Para quem trabalha em agência de comunicação no Brasil, a observação do que acontece em outros países é uma fonte rica de insights para aplicação no mercado nacional. Nesse sentido, um artigo da importante revista de negócios Entrepreneur instrui não exatamente as agências, mas os potenciais clientes delas, sobre como escolher adequadamente um terceiro. Nos Estados Unidos, existem mais de 46 mil agências de relações públicas segundo o relatório da Ibis World.
Assinado pela americana Danielle Sabrina, CEO da agência Tribe Builder Media, o artigo reforça a importância de alinhar o perfil da agência escolhida aos indicadores de desempenho da área de comunicação e marketing da empresa contratante. E faz quatro recomendações, que convém observar não pela ótica de quem contrata, mas de quem presta o serviço. Por isso, Inserimos em cada tópico os nossos comentários voltados para quem atua em agência.
1. Adequação ao público-alvo
A empresa que vai contratar precisa estar atenta à especialidade da agência. Em especial, se ela tem expertise em B2B ou em B2C. Como há muitas agências no mercado americano — quatro vezes mais que no Brasil —, é preciso procurar até encontrar aquela que conheça bem o público-alvo.
Por isso, para agências, a dica é posicionar-se claramente e permitir que o mercado entenda suas expertises e os mercados em que está imersa.
2. Background e habilidades
São desejáveis, segundo o artigo, agências que têm em seu quadro profissionais com experiência em jornalismo, como ex-editores de jornais, revistas e sites. No entanto, esse não deve ser o único ativo da agência. Ela deve ter mais habilidades que lhe permitam trabalhar em outras atividades, como vídeo, fotografia, análise de resultados, marketing digital etc. Um estudo da USC Annenberg, núcleo de estudo de jornalismo da Universidade da Califórnia, indica que mesmo os profissionais de RP estão atentos a habilidades que devem desenvolver. As mais importantes, na visão deles, são mídias sociais, conteúdo multimídia e análise de dados.
Para agências brasileiras, parece importante manter a conexão com a comunicação corporativa que tem como ancestral o jornalismo, mas é preciso ir além disso. Desenvolver outras habilidades chega a ser uma questão de sobrevivência. E os clientes vão demandar essas entregas.
3. Tecnologia emergente
A única certeza que se tem no mercado hoje é a de que a inovação vai acontecer. Novas tecnologias vão surgir e a agência contratada precisa estar atenta a elas. Um bom exemplo é a inteligência artificial, que até pouco tempo era mero tema de ficção científica. Hoje, já é realidade. As agências precisam, na visão da autora do artigo, estar atualizadas para poder usar novos recursos a favor de seus clientes. O mesmo estudo da USC Annenberg indica, no entanto, que menos da metade dos profissionais de RP estão por dentro de itens de suas áreas diretamente ligados a tecnologia, como marketing em tempo real (46%), inteligência artificial (35%) e programação de software (24%)
As agências precisam fomentar internamente a cultura de acompanhar novas ferramentas e tecnologias. Por dois motivos: os clientes acompanham. Os concorrentes também.
4. Relacionamento com decisores
Na opinião de Danielle Sabrina, boas agências têm relacionamento estreito com decisores, ainda que o mundo digital facilite o acesso a um leque maior de pessoas. Um estudo da GreatBusinessSchools.org aponta que 95% das pessoas de negócios entendem que reuniões presenciais são importantes para garantir relacionamentos duradouros. Apenas o online não basta. E a agência precisa ter acesso às pessoas.
Para agências, é claro que o domínio dos canais digitais é indispensável para a operação. No entanto, relações públicas, como o nome sugere, consiste também em ter acesso a pessoas da mídia e de outras empresas. Uma agência precisa ter esse ativo.
Takeaway
Ao contratar uma agência de RP, um gestor americano deve, segundo artigo da Entrepreneur, observar o público-alvo em que a empresa contratada está imersa, a habilidade em diversas plataformas com background em jornalismo, a intimidade com tecnologias e a rede de relacionamento que possui. Para quem presta serviço em comunicação no Brasil, é importante estar atento a esses pontos. Afinal, o mercado brasileiro, em muitos aspectos, costuma caminhar na esteira do americano.