Nos dias atuais é praticamente impossível navegar pela internet e não esbarrar em algum podcast. Isso porque, diferentemente do rádio tradicional, esse novo formato permite que o ouvinte consuma informação em qualquer lugar e, simultaneamente, realize outras atividades de seu interesse.
Ao contrário do que se pensava, o podcast se tornou ferramenta crucial para qualquer área ou negócio. Muito se deve à audiência que ganhou nos últimos anos.
A busca por conteúdo em áudio só cresce. Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Podcaster (PodPESQUISA 2020), a estimativa é a de que o Brasil tenha cerca de 34,6 milhões de ouvintes de podcast.
Mas afinal, o que fez essa ferramenta crescer tanto?
Muitas pessoas e empresas de todo o mundo, sabendo do alcance, da proporção de audiência e da facilidade de produzir um podcast de forma independente, adaptaram sua programação para áudio ou desenvolveram programas com assuntos segmentados.
Assim, tornou-se bem mais fácil captar uma audiência qualificada. Que esteja realmente interessada em consumir determinado conteúdo por meio de áudio.
O que é podcast ?
Podcasts são transmissões em formato de áudio, geralmente organizados em episódios, que podem ser reproduzidos em serviços de streaming ou diretamente baixados da internet.
Geralmente, um programa de podcast tem periodicidade aberta. Ou seja, pode ser atualizado diariamente, semanalmente ou quinzenalmente, por exemplo. Assim como sua duração, que na maioria das vezes varia de cinco minutos a uma hora. Período este que hoje já não é uma regra, pois é possível encontrar programas de podcast com mais de duas horas de duração cada edição.
Uma das principais características do podcast é sua imensa variedade. É possível consumir notícias de todos os gêneros, ficar por dentro de assuntos mais específicos e acompanhar discussões e entrevistas de personalidades totalmente distintas.
Quando surgiu?
A palavra podcast surgiu em 2004, com a junção das palavras “Ipod” – dispositivo da Apple lançado em 2003 – e “broadcast”, palavra em inglês que significa “transmissão”. Termo atribuído ao ex-VJ da MTV Adam Curry, que criou o primeiro agregador de podcasts.
O podcast oficial do Comunique-se, em sua edição especial número #100, contou a origem da ferramenta, que apesar de oficialmente nascer em meados dos anos 2000, carrega um histórico de acontecimentos até chegar aos dias atuais, com o boom em seu consumo.
Listen to “#100 A história do podcast” on Spreaker.
A nova era do podcast
Em momento onde a maioria das pessoas recebe diversas informações ao mesmo tempo, o podcast ganha destaque. Afinal, é possível ouvir sem precisar parar o que se está fazendo. Uma qualidade que é bem reconhecida pela maioria dos ouvintes.
Em meados de 2018, em meio ao boom do podcast no Brasil, muitas empresas e veículos de comunicação começaram a lançar materiais em áudio. Justamente com a ideia de “fisgar” certa parte da audiência que já consumia o formato, além de manter-se atualizado com as transformações digitais que a mídia gerava no mercado.
Segundo o relatório State of the Podcast Universe, publicado pela Voxnest, o Brasil lidera o ranking de países onde a produção de podcasts mais cresceu desde o início de 2020. Isso se deve, principalmente, pela facilidade de criação de um podcast. O formato abre diversos caminhos e permite explorar potencial infinito de criatividade. Tudo isso com baixo custo na produção dos conteúdos.
Ferramenta para jornalismo
Neste período de isolamento, não dá para imaginar um jornalismo que não esteja conectado com as pessoas, em todos os lugares e momentos. Com as rápidas transformações do mundo online, a comunicação teve que se reinventar.
O guia Sound Reporting, por exemplo, lançado em 2008 pela National Public Radio (NPR), dos Estados Unidos, é um dos livros que direciona os profissionais que buscam migrar do conteúdo em texto para a reportagem em áudio.
É fato que a inserção no mundo digital resultou no fechamento de algumas redações e alterou completamente o mercado editorial. Isso no Brasil e no mundo. Por outro lado, o novo gênero apresentou caminho que é realidade para uma comunicação mais integrada e remodelada.
O podcast carrega heranças do tradicional formato radiofônico. Não só nas clássicas entrevistas ou nos longos debates de mesa-redonda, mas também nos documentários e nas grandes reportagens.
E com isso, inserido com um modelo mais atual, o jornalismo tem se aproveitado do gênero para contar histórias ou mesmo embalar notícias do dia a dia de forma diferente para seu público.
Projetos de sucesso
Hoje, nos variados veículos de comunicação, o podcast já se transformou em realidade bem estruturada. Um dos projetos que virou referência para a área, por exemplo, foi o “The Daily“, do jornal norte-americano The New York Times. O projeto conta com notícias diárias e programação especial.
No Brasil, não demorou muito para os jornalistas e os grandes veículos de comunicação emplacarem seus próprios podcasts. Com conteúdos autênticos e de variados formatos. Exemplo disso é o de Celso Freitas, que além de ser âncora do ‘Jornal da Record’, está à frente, desde junho de 2020, do podcast ‘JR 15 Minutos com Celso Freitas’.
Em entrevista exclusiva ao Comunique-se, o jornalista podcaster contou sobre a sua experiência com o formato
E outros podcasts como Ao Ponto, de O Globo; Estadão Notícias, do Estadão; O Assunto, do G1; Durma com Essa, do Nexo; Mamilos, do B9; Café da Manhã e Boletim Folha, da Folha de S. Paulo são alguns dos diversos projetos do gênero jornalístico que simbolizam o uso correto e o futuro das grandes mídias em formato de áudio.
O que, inclusive, devido tamanha qualidade nos conteúdos, o Prêmio Comunique-se, na edição deste ano, passa a premiar jornalistas que atuam com podcast. O “Oscar do Jornalismo Brasileiro” sempre esteve atento ao mercado de comunicação. E isso fica em evidência com a nova subcategoria do Prêmio Comunique-se, a de “Jornalista podcaster”. A novidade faz parte da categoria “Digital”.
Não apenas as grandes mídias, mas as produções independentes também ganharam destaque dentro do gênero. Como, por exemplo, a série documental ‘O caso Evandro’, do ‘Projeto Humanos’. Trata-se de podcast criado pelo designer gráfico Ivan Mizanzuk, que conta de forma narrativa o suposto sequestro e assassinato do garoto Evandro Ramos Caetano, em 1992, na cidade litorânea de Guaratuba, no Paraná.
A série conta com 35 episódios e mais de 9 milhões de downloads. O projeto teve tanto destaque que ganhou adaptação para a TV. O Globoplay, streaming de filmes e séries do Grupo Globo, comprou os direitos do podcast e, pela primeira vez, um produto de áudio foi adaptado para as telas.
Ferramenta para entretenimento
Antes mesmo do jornalismo entrar em cena, o entretenimento foi o gênero responsável por abrir caminhos para outros formatos aqui no Brasil. Justamente por sua amplitude e por abraçar diversas opções. Tanto para quem produz, quanto para quem ouve.
Conteúdos mais divertidos, mais leves, que permitem que os ouvintes ouçam enquanto trabalha, estuda ou espera em uma fila, tendem a ganhar uma maior audiência e vertentes cada vez mais específicas.
O entretenimento é um dos assuntos que mais movimenta o potencializa o formato. Desde o início da ascensão do podcast no Brasil, o gênero foi um dos únicos que não perderam audiência. Inclusive, foi o estilo que mais ganhou força nos últimos tempos.
Em 2020, o Spotify, por meio de sua retrospectiva anual, revelou quais foram as músicas, os artistas e os podcasts mais ouvidos da plataforma.
Entre os dez programas mais escutados no serviço streaming entre o público brasileiro, alguns se destacam dentro do entretenimento. São eles: Horoscopo Hoje,; NerdCast, Primo Cast e Filhos da Grávida de Taubaté.
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O surgimento dos videocasts
Aproveitando o grande potencial de plataformas de streaming, como Youtube e Twitch, o podcast, já consolidado, ganhou um “derivado”. Os videocast, também chamados de vidcast ou vodcast. Um podcast com conteúdo em vídeo, além do áudio.
Em vez de registrar somente o áudio, passou-se a gravar a imagem na hora da transmissão. Um formato já conhecido adaptado ao podcast, que alcançou um sucesso esperado. Afinal, no Brasil, segundo dados da Kantar Ibope, 99% dos internautas brasileiros acompanham vídeos.
Um dos pioneiros no formato foi o comediante Joe Rogan, um dos maiores podcasters do Estados Unidos. Com o programa The Joe Rogan Experience, hoje, o apresentador conta com a maior audiência do mundo. O que rendeu bons frutos financeiros. Ele assinou contrato de exclusividade com o Spotify.
No Brasil, programas como Flow Podcast e PodPah são referências no formato e, atualmente, dominam a audiência no mundo online. Cada um dos podcasts carregam no canal do YouTube cerca de três milhões de inscritos cada um. Com vídeos chegando a marca de oito milhões de visualizações.
Ferramenta para as marcas
Com as diversas possibilidades e o grande potencial da ferramenta, as grandes marcas também apostaram no formato de áudio para atingir seu público de diferentes formas. Seja para buscar novos clientes, divulgar um novo produto ou mostrar autoridade sobre determinado assunto.
Empresas de diversos segmentos – como Natura, Heineken, Bradesco e Itaú – são exemplos de marcas que investem no conteúdo como forma de divulgação. Gerando informação e identificação com os seus ouvintes.
O que não falta é inspiração e exemplos de sucesso. A Natura, por exemplo, criou o podcast “Viva seu corpo”, focado no universo feminino. Uma minissérie dividida em quatro capítulos e que foi realizada em parceria com o Mamilos, um dos podcasts mais populares do Brasil.
Outro modelo que evidencia a presença de marcas dentro do formato são as parcerias comerciais. Não precisamente uma empresa precisa produzir seu próprio podcast para expor sua própria marca. Empresas como Habib ‘s, Ragazzo e Ifood adotam esse estilo de potencializar seu negócio com anúncios e parcerias comerciais.
Concluindo…
O podcast tem provado que é muito além de formato “modinha”. Independentemente do projeto ou segmentação, o formato abre caminho para diversas possibilidades e pode ser visto como tipo de “mídia do futuro”. Tanto para os produtores que pretendem ingressar no mercado ou para os profissionais que já estão inseridos.
Seja por meio do jornalismo, do entretenimento ou das grandes empresas, a produção de um podcast é vitrine essencial para ampliar as oportunidades de negócios, potencializar temas e reforçar a identidade do conteúdo.