Media training 4.0, ou social media training, é um treinamento destinado aos porta-vozes de uma empresa ou instituição, que une conceitos do media training tradicional e técnicas relacionadas às mídias digitais.
Preparar porta-vozes para se relacionarem com a imprensa nos dias atuais não é tarefa fácil. Com o avanço tecnológico e a chegada do media training 4.0, a comunicação abre um novo espaço de conversação: as redes sociais.
Com isso, o grau de complexidade e a necessidade de realizar ações com total preparo e eficiência é maior. Não apenas para os grandes veículos de comunicação, mas também para as mídias online. Afinal, hoje, não faz mais sentido investir apenas em comunicação para a mídia tradicional.
Por isso, é importante entender que, diferentemente dos veículos tradicionais, as redes sociais não possuem filtro. Qualquer conteúdo publicado no perfil oficial do porta-voz ou da própria instituição é considerado oficial. Portanto, pode causar consequências significativas para a imagem da empresa.
De acordo com dados da Brightcove, 79% dos usuários consideram o vídeo como o melhor formato para acompanhar uma marca online.
E pensando em unir esses novos conceitos e aumentar o cuidado com a imagem e reputação da empresa e do porta-voz, o media training tradicional teve que se reinventar. Nascendo assim, o media training 4.0.
O que é o media training 4.0:
O media training 4.0 é um treinamento midiático que tem como base a lógica comunicacional inaugurada pelas mídias online. Além das relações com o público externo, são analisados os aspectos não humanos. Isso se refere aos algoritmos e à identidade estrutural das redes sociais da internet.
Como funciona?
O ato de passar uma mensagem e ter um bom discurso vai além da fala, exige outros fatores. O treinamento de mídia busca ir além das situações que podem acontecer no dia a dia. O principal objetivo é alcançar a melhor performance na comunicação.
O media training 4.0 explica a importância de dominar todos os aspectos e ensina sobre os cuidados que devem ser adotados na hora de se relacionar com o público externo.
Não só a linguagem corporal, mas as vestimentas, bijuterias, cenário e postura são detalhes importantes que fazem parte do processo. Assim como habilidades de discurso e dicção da fala.
Imagine que na hora da apresentação de uma nova ferramenta, um porta-voz surge com semblante triste, com a postura baixa, fora do enquadramento da câmera e com um roupão de banho.
Além de não corresponder com o perfil, tal exemplo não traria nenhuma imagem positiva ao produto apresentado ou à empresa ou ainda ao profissional em questão.
A quem se destina?
Desta vez, a capacitação é voltada para perfis oficiais e não oficiais. Por isso, funcionários e representantes da marca, assim como influenciadores e celebridades, podem receber o treinamento.
Diferentemente do que o tradicional treinamento exige, o perfil de players que oferecem o media training 4.0 também mudou. Jornalistas e profissionais de relações públicas com conhecimento em redes sociais na internet podem ministrar a apresentação.
Qual a importância de preparar o porta-voz?
Devido às novas práticas de comunicação exigidas, é necessário que o porta-voz escolhido esteja preparado para dialogar com o seu público e desviar de qualquer situação ou comentário negativo. No dia a dia, o porta-voz precisa dominar assuntos que estejam tanto no contexto interno quanto no âmbito externo à organização.
Por isso, o social media training, acima de tudo, busca evitar riscos e possíveis crises que possam ocorrer no meio de uma apresentação ou entrevista.
Além disso, o treinamento capacita o porta-voz para qualquer ambiente. Seja online ou offline. No mundo das redes sociais, é ideal se privar de certas situações e manter a atenção redobrada. Dentro e fora da empresa.
O canal oficial do Comunique-se apresentou webinar especial de duas partes sobre media training 4.0. Na primeira edição, aprofundou-se no tema e discorreu sobre a importância do comportamento adequado de porta-vozes numa era cada vez mais online. A live foi apresentada pelo especialista e mestre em comunicação Ricardo Nóbrega e moderada pelo jornalista e editor-chefe do Portal Comunique-se, Anderson Scardoelli.
As principais mudanças
De acordo com Ricardo Nóbrega, o cenário da área pode ser definido da seguinte forma:
1 – Nome
Anterior: media training.
Atual: social media training e comunicação eficiente.
2 – Responsável pelos treinamentos
Anterior: jornalistas e profissionais de relações públicas.
Atual: jornalistas e profissionais de relações públicas, mas que tenham conhecimento em redes sociais.
3 – Mídia
Anterior: veículos de comunicação.
Atual: veículos de comunicação, plataformas de redes sociais e aplicativos.
4 – Diálogo
Anterior: intermediado por jornalistas.
Atual: segue sendo intermediado por jornalistas, mas vai além; conta com comunicação direta com funcionários, consumidores, comunidades e influenciadores.
5 – Ambiente
Anterior: centralizado na mídia tradicional (veículos de comunicação).
Atual: complexo, contando com a mídia tradicional e diversos canais digitais.
6 – Porta-vozes
Anterior: somente oficiais (presidente e diretores).
Atual: oficiais e não oficiais (funcionários e representantes da marca, como celebridades e influenciadores digitais).
7 – Discurso
Anterior: linguagem formal a partir de palavras-chave.
Atual: linguagem informal e micronarrativas para construção de sentido e propósito.
8 – Exercício
Anterior: ação isolada de treinamento.
Atual: ação isolada de treinamento, além de desenvolvimento de cultura organizacional (políticas e manuais).
9 – Traje
Anterior: somente formal.
Atual: formal ou casual.
Na segunda parte do webinar media training 4.0, disponível no canal oficial do Comunique-se, Ricardo Nóbrega pontua essas diferenças e mostra na prática a importância de estar alinhado com essas habilidades para gerar uma comunicação eficiente.
Situação recente
As organizações, tanto privadas quanto públicas, devem sempre estar preparadas para enfrentar possíveis crises corporativas. Atualmente, existem alguns casos que ganharam repercussão e que se encaixam perfeitamente nos conceitos aplicados do media training 4.0.
Por exemplo, o caso do ex-jogador do Corinthians, Danilo Avelar.
Em uma partida online com os amigos, o jogador manifestou frases racistas no comentário do jogo. Não demorou muito para a comunidade e os usuários presentes no game expusessem a situação e exigir um posicionamento do clube, que horas depois anunciou a rescisão de contrato com o atleta.
Ambas as partes, após o ocorrido, apresentaram um comunicado reforçando que não compactuam com os crimes de racismo e injúria racial.
Neste caso, Ricardo Nóbrega considerou que o departamento de comunicação e marketing do Corinthians agiu de forma correta, no que tange a parte de media training. Afinal, o clube reforçou não compactuar com a postura denunciada nas redes sociais e foi além de emitir uma mera nota de repúdio pela declaração feita por um de seus colaboradores. Agiu rápido e anunciou que, na prática, estava dispensando o atleta que emitiu comentário de cunho racista.
Ou seja, mesmo em um ambiente fora do trabalho, com os amigos e realizando atividades extracampo, Danilo Avelar, assim como qualquer outro funcionário, é responsável pelo o que fala ou publica nas redes sociais.
Isso impacta diretamente no perfil que o profissional está representando enquanto porta-voz. Seja um comentário, um desabafo ou uma fofoca. É sobre entender sua postura diante das redes sociais e até onde vale se expor.
Mídia Espontânea: potencialize o alcance da sua marca e gere credibilidade por meio da imprensa
Produza seus releases, distribua para os jornalistas de interesse e conquiste mídia espontânea para sua marca com o Comunique-se 360.
Concluindo…
É fundamental alinhar a comunicação dos porta-vozes com os novos conceitos de social media training. Essa transição precisa ser estratégica para que o desempenho seja positivo. Essas habilidades, quando bem trabalhadas de maneira conjunta, contribuem para o relacionamento e uma comunicação eficiente com o público externo. Afinal, não é qualquer colaborador que pode responder e se posicionar em nome da empresa diante dos veículos de comunicação.
E mais do que isso. Numa era cada vez mais digital, colaboradores, independentemente do nível hierárquico, devem tomar a ciência de que tudo o que publicam e divulgam poderá ser atrelado ao seu empregador. Como no caso de Danilo Avelar, ele não falou em nome da instituição Corinthians, mas foi dispensado justamente porque o clube viu a necessidade de registrar que não compactuava com o conteúdo exposto pelo jogador na internet.