Pesquisa promovida pelo Grupo Comunique-se contou com a participação de 827 assessores de imprensa para avaliar a relação com os jornalistas de redação e apontar as principais percepções sobre tais profissionais
O trabalho de jornalistas de redação e assessores de imprensa está conectado. São funções que se complementam e, naturalmente, dependem uma da outra. Afinal, a assessoria de imprensa é a ponte focal que liga o mercado (pautas) às redações.
E o bom relacionamento entre as partes é desejo mútuo. Por isso, há pouco tempo, ouvimos a percepção dos jornalistas para com os assessores e, dessa vez, fizemos o caminho inverso: escutamos o outro lado do balcão — a fim de colher as melhores práticas e os principais incômodos de ambos os lados.
A pesquisa “Jornalistas de redação na visão dos assessores de imprensa” entrevistou mais de 800 profissionais que atuam diretamente em assessoria de imprensa, seja em agências, departamentos de comunicação em empresas, órgãos públicos e autônomos.
Este artigo é baseado nos dados do estudo mencionado acima. Confira, abaixo, os principais tópicos abordados e alguns insights preciosos para obter sucesso nesta relação.
As redações são dependentes das assessorias de imprensa?
Há certo tempo as redações sofrem com as baixas — demissões de profissionais. Com o time cada vez mais enxuto, é natural que, com a escassez de mão-de-obra, a dependência do trabalho dos assessores de imprensa aumente. E claro, é evidente que o cenário acima não é a realidade de todas as redações.
Tal questão sobre a dependência foi levantada para os assessores na pesquisa. E com relação à possível dependência das redações para com os assessores de imprensa, a maioria afirmou que ‘Sim’, as redações são dependentes das assessorias (52,4%). ‘Algumas redações’ (39,5%) e ‘Não são dependentes’ (8,1%) eram as outras alternativas possíveis na questão.
Contraponto com a visão dos jornalistas
Neste tópico, é possível criar um contraponto com a pesquisa que ouviu os jornalistas de redação em relação aos assessores de imprensa. Na oportunidade, os profissionais de imprensa foram questionados sobre a importância dos colegas assessores para a execução do trabalho nas redações.
Resultado: 50,8% dos jornalistas afirmaram que os assessores são primordiais. Enquanto 42,6% alegou que às vezes ajuda, às vezes atrapalha. 6,6% restante dos votos ficou dividido entre ‘Indiferente’ e ‘Mais atrapalha do que ajuda’.
A preferência dos assessores de imprensa para contatar jornalistas
Os meios de contato utilizados por assessores de imprensa para com os jornalistas são diversos. E a escolha de utilizar determinado canal varia de acordo com o grau de relacionamento entre as partes. Com relação à preferência por parte dos assessores, o meio tradicional ainda é o ‘queridinho’ da lista. Apesar das novas tecnologias, o e-mail ainda é o mais utilizado (preferido) de acordo com 33%
Nesta questão, havia a possibilidade de assinalar mais de uma alternativa. Afinal, sabemos que sempre vai depender da relação estabelecida entre assessor e jornalista. Na sequência, os meios preferidos foram o WhatsApp e o celular pessoal do jornalista (ligação), com 31% e 19%, respectivamente.
Vale ressaltar, na pesquisa inversa, que ouviu os jornalistas, sobre o uso dos novos meios de contatos por parte dos assessores de imprensa, como o próprio WhatsApp e afins, 55,5% dos entrevistados afirmaram que nunca devem ser utilizados.
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A preferência dos meios para relacionamento com jornalistas
Já com relação à preferência para se relacionar com os colegas de redação, nenhuma surpresa. O envio de releases ainda é o mais praticado e preferido pelos assessores, de acordo com 25%. Novamente, nesta questão, era possível selecionar mais de uma opção.
Na sequência, fechando o Top 5, vem: as ‘redes sociais’, ‘fornecer experiência’, ‘coletiva de imprensa’ e ‘evento presencial’.
O que mais incomoda na relação
Como qualquer relação, há prós e contras. E com assessores de imprensa e jornalistas de redação não é diferente. Pensando em compreender o que mais incomoda, repetimos a pergunta feita aos jornalistas. “O que mais incomoda os assessores de imprensa com relação aos jornalistas?”
Havia 10 alternativas (com a possibilidade de selecionar mais de uma opção) e um campo aberto para escrever. A disputa foi bem acirrada e com 15%, ‘Ser grosseiro(a) nas respostas’ é o que mais incomoda os assessores. Na sequência, ‘Não responder e-mails e mensagens’, ‘Não apurar dados nas matérias’, ‘Pedir exclusividade e não publicar’ e, por último, fechando o Top 5, ‘Não cumprir combinados’.
Sobre o follow up
Follow up é sempre uma questão polêmica nessa relação. O excesso de ligação, a tentativa de vender a pauta entre outras questões, são fatores que incomodam os colegas de imprensa. Por outro lado, de acordo com os assessores, o follow up é crucial para emplacar pautas. Logo, necessário.
Questionados sobre como os jornalistas reagem ao follow up, numa escala de 1 a 5, sendo 1 reagem muito mal e 5 reagem muito bem, a maioria ficou em cima do muro, afirmando que os jornalistas são neutros quanto à prática, com 44,9%. Na sequência, 31,1% afirmam que reagem mal e muito mal.
Importância do follow up para emplacar pautas
Como mencionamos acima, o follow up é crucial para emplacar pautas. E 75,6% dos assessores de imprensa afirmaram que a prática é importante e muito importante no trabalho de relacionamento com os jornalistas.
E fazendo um recorte por perfil de participante, vale destacar que os profissionais que atuam em agência de comunicação enxergam no follow up uma oportunidade maior de emplacar pautas e potencializar resultados. 80% dos respondentes de agência votaram em importante e muito importante.
Na outra ponta, os profissionais de órgãos públicos foram os que menos selecionaram a opção importante e muito importante, com 67% dos respondentes, mas ainda sendo mais que a metade — um número relevante e que mostra a importância dessa ação.
Atuação dos jornalistas
Para classificar a atuação dos profissionais de imprensa, na visão dos assessores de imprensa, foram 4 questões para avaliar: qualidade de texto, apuração, entrevistas e reportagens.
Sobre o texto, a maioria afirmou que é “Boa”, com 72,5%. Já com relação a qualidade de apuração, a opção “Boa” sobressai com 51,5%, mas com ressalvas: 38% classificou como “Ruim”. As entrevistas e reportagens também foram qualificadas como boas, com 68,7% e 72,7%, respectivamente.
Contato com jornalistas durante a pandemia
A pandemia trouxe inúmeras mudanças na rotina de trabalho, entre as modificações – o home office em redações que não adotavam o modelo. Questionados sobre como ficou a relação neste período, principalmente o contato com os jornalistas, a situação ficou crítica para uma parcela de profissionais de assessoria de imprensa.
A pandemia piorou e piorou muito o contato dos assessores com os jornalistas para 50,5% dos entrevistados. Sobre o perfil de profissionais que mais sofreram com o cenário foram os assessores que atuam em agências (68%) e os que menos sofreram foram os assessores que trabalham em órgão público (com apenas 27%).
Conclusão
A pesquisa evidencia a percepção dos assessores para com os colegas de redação. O que fica claro é que: a assessoria de imprensa é crucial para os jornalistas de redação e vice-versa. O relacionamento é primordial para o sucesso do assessor de imprensa. Os meios tradicionais ainda são os mais utilizados na relação. E o follow up, apesar de gerar incômodo no colega de redação é fundamental para emplacar pautas.
Este texto foi originalmente publicado em 12 de janeiro de 2021 e vem sendo constantemente atualizado desde então.