Follow-up: entenda quais são as melhores práticas
O follow-up voltado a profissionais de assessoria de imprensa é um dos assuntos mais discutidos e uma das estratégias mais utilizadas por profissionais da área de comunicação. Se bem executado, torna-se eficiente para manter um bom contato com jornalistas e deixá-los interessados por suas pautas. Entretanto, quando não é bem feito, geralmente causa um desconforto na relação com os profissionais do ramo e, consequentemente, não tem o objetivo alcançado.
Atualmente, as equipes de redação estão cada vez mais enxutas, gerando acumulo de funções aos jornalistas, que têm tempo escasso para atender este tipo de demanda. Para evitar que isso aconteça, existem algumas ferramentas que permitem checar se a mensagem foi recebida, se ao menos foi aberta ou, ainda, se foi excluída sem ler. Pode parecer um assunto simples, mas alguns erros por parte das assessorias de imprensa acontecem com frequência. Veja algum deles abaixo e entenda como evitá-los.
- Não dominar o assunto abordado: A técnica do follow-up consiste em realizar contato com as redações com o intuito de sugerir pautas ou acompanhar um assunto já em andamento. No entanto, o assessor não pode ficar preso apenas ao release e desconhecer outros aspectos relacionados ao tema debatido. Portanto, esteja bem informado para realizar um follow-up efetivo e, ao mesmo tempo, não passar vergonha por conta do despreparo.
- Ser inconveniente: Não se esqueça de que o bom senso quando aliado à educação ajuda a tornar o follow-up uma prática útil e proveitosa para todos os envolvidos. Portanto, não envie diversos e-mails, nem insista repetidamente em falar com o jornalista caso ele não o responda. Em vez de tentar emplacar uma matéria, sendo “mala” demais, explique ao jornalista a relevância do assunto.
- Falta de conhecimento: É imprescindível também saber o perfil do veículo para o qual é feita a sugestão de pauta, pois assim você consegue encaminhar materiais pertinentes a cada um deles, respeitando os horários de fechamento — o famoso deadline. Jornalistas relatam que é fundamental saber qual o horário do fechamento. Às vezes o profissional está na loucura do fechamento diário e qualquer coisa fora daquilo que esteja fazendo naquele momento atrapalha. O jornalista compreende que seja o trabalho do assessor e inclusive se esforça para responder por e-mail, mas é fundamental não ligar em horário de fechamento porque incomoda bastante.
Preferência de contato no follow-up
O follow-up pode ser feito por contato telefônico, por WhatsApp, e-mail ou ainda pelas redes sociais. Mas qual seria a melhor maneira? O Comunique-se realizou uma pesquisa com cerca de 400 jornalistas com a finalidade de descobrir e entender a preferência deste relacionamento.
Como resultado, em 90% dos casos, as assessorias têm acertado ao usar o e-mail para enviar seus releases, sendo este meio de comunicação o preferido por quase todos os jornalistas. Em entrevista exclusiva ao Comunique-se, a jornalista Débora Bergamasco, que recentemente deixou a revista IstoÉ, onde atuava como diretora de redação da sucursal de Brasília, comentou sobre os casos que já vivenciou em sua carreira.
“De uma maneira muito particular, o follow-up funciona por WhatsApp e depois por telefone. E-mail acaba entrando naquele turbilhão e acaba se perdendo, pois recebemos diversas mensagens ao longo do dia. Filtrar aquilo que nos é importante demanda tempo”
Acontece que o conteúdo enviado pelos assessores muitas vezes afasta o jornalista. Infelizmente, alguns procuram empurrar pautas a qualquer custo, de assuntos que não têm relação alguma com o trabalho desenvolvido por aquele profissional. Além disso, o volume excessivo de envio também incomoda. Tais práticas foram consideradas irritantes por 62% e 53% dos jornalistas, respectivamente.
Percebendo isso em sua experiência profissional, Débora Bergamasco, que no mês de agosto passou a escrever para a Época, da Editora Globo, ponderou:
“Pra mim, o grande diferencial não é o modo de contato, mas sim o conteúdo. Assessor bom é aquele que tem informação de qualidade, exclusiva, não vai ser relevante. Eu trabalho principalmente com cobertura de política, mas recebo releases de tratamento de pele, poemas. Isso jamais vai ter efeito porque não está direcionado no caminho certo”.
Quando questionados sobre a qualidade e a relevância dos conteúdos que recebem das assessorias, 61% dos jornalistas disseram que essa é uma ocorrência mais esporádica do que costumeira. Com relação aos e-mails, apenas 10% dos recebidos podem realmente ser aproveitados. Quando os remetentes são confiáveis ou conhecidos o número sobe para 44%.
A jornalista Joice Haselmann, apresentadora do programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan, trabalha com a cobertura de política e, durante uma conversa por telefone com o Comunique-se, concedeu sua opinião sobre o tema.
“Isso me incomoda bastante porque força a barra. Quando acontece comigo, acaba me afastando do assessor, porque se você tem alguém vendendo uma pauta que não tem absolutamente nada a ver com o assunto que você cobre, a gente acaba deixando ele de lado e ele entra pra uma lista negra. Tempo pra todos nós hoje em dia é dinheiro, então não podemos ficar perdendo tempo sobre outros assuntos. Eu quero saber de política e o assessor quer vender uma pauta sobre o morango silvestre que foi descoberto e vai combater uma célula de câncer, por exemplo. Poxa, se eu estou em contato com o assessor de política é porque eu quero saber de política”, comentou Joice, que em 2017 foi considerada pelo instituto ePoliticSchool (ePS) uma das personalidades mais influentes e notórias das redes sociais, no âmbito da temática política.
Melhores maneiras de receber informações na visão dos jornalistas
Levando em consideração o ponto de vista sobre as fontes de informação, 74% preferem receber o contato por meio do assessor de imprensa, evidenciando a preferência por manter uma conversa ativa e bem desenvolvida. O segundo modo preferido para se atualizar foi o site da empresa (65%), revelando a pesquisa nos meios digitais e a necessidade de encontrar informações pontuais de maneira facilitada no mecanismo de busca do Google. Tal impressão também pode ser obtida pelo feedback sobre as salas de imprensa, que dividem opiniões sobre sua qualidade atual — basicamente 50-50% entre bom e ruim. Com base na pesquisa, pode-se compreender que grande parte prioriza releases atualizados nas salas de imprensa (91%), enquanto 72% aceitam bem arquivo fotográfico e 70% gostam de informações com dados estatísticos ou pesquisas.
Com 22 anos de experiência em jornalista, 15 deles em grandes grupos de mídia como Jovem Pan e Jornal da Tarde, do Grupo Estado, Marc Tawil argumentou sobre a maneira eficaz de se fazer o follow-up.
“Primeiramente tem de haver respeito. Não pode ficar torrando a paciência e mandando 50 coisas de uma vez ao jornalista. Em segundo lugar é necessário entender que se ele ou ela não respondeu duas ou três vezes não é pra insistir, pois você acaba dando murro em ponta de faca e passa a incomodar ao invés de ajudar.” opinou Marc, que abriu a Tawil Comunicação, sendo responsável pela direção criativa, atendimento e supervisão geral de conteúdo.
O profissional de comunicação concluiu a ideia de que, a partir de tais práticas, você consegue estabelecer uma boa relação. No entanto, ele alertou para não confundir follow-up com relacionamento.
“A boa relação se constitui em saber entregar algo interessante sem ser chato. O follow-up, como eu conheço, serve para tentar emplacar uma matéria ou ir acompanhando o andamento de algo já enviado. Ligar apenas por conta de relacionamento não e follow-up. Eu jamais vou ligar pra bater papo, perguntar como está a família ou dizer que estou com saudades. Isso não existe. O que pode ser feito é ligar para sondar, perguntar se precisa de alguma coisa e não necessariamente vender uma pauta.”